REPORTE LINKS INOPERANTES CLICANDO AQUI: MúsicAmiga
Música de Abertura: "Maranhão, Meu Tesouro, Meu Torrão", de Mano Borges

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

VIOLEIRO EXAGERADO

Quando eu apresentava o espetáculo Brasil em Preto e Branco, contava um causo do inesquecível violeiro Adauto Santos, meu companheiro de cena. Era assim:
Outro dia, esse violeiro aqui foi passando de madrugada numa estrada e bateu na porta duma casinha de bêra de estrada pra móde cavá um quarto pra drumí. Bateu na porta, apareceu uma muié, por sinal muito bonita, e ele pediu pouso.
Muié – Num posso, moço. Num posso deixá o sinhô drumí na minha casa. Sou viúva fresca. Meu marido morreu faz só três mêis. Se eu dexá homi drumí em casa, o pessoar da cidade vai falar mar de mim.
Adauto – Mas, dona, eu num vou mexê com a sinhora, não. O que eu sou é violeiro. Gosto muito de tocá viola. Só quero mêmo é drumí...
Devo dizer aqui que a tal muié devia tá cum bastante vontade duns carinho... Três meses de viuvez, já pensou?
Muié – Não, sinhô! Aqui homi nenhum drome...
E tar e coisa, e coisa e tar, e vai e vem, e vem e vai... Sei que o Adauto insistiu tanto, dizendo que o que ele era mêmo era violeiro dos bão, que a muié acabou cedendo.O Adauto drumiu como um justo a noite inteira. Só acordou de manhãzinha, na hora do café.Quando chegou na porta da cozinha, ainda meio sonolento, percebeu, num galinheiro do quintal, uma coisa estranha.
Adauto – Dona, a sinhora num sabe criá galinha! Seu quintal tem 10 galos e só uma galinha. O certo é o contrário: 10 galinha e um galo.
Muié – Mas o sinhô tá vendo 10 galo aí?
Adauto – Tô!
Muié – Pois fique sabendo que galo mêmo só tem um! Os ôtro são tudo violêro!
Adaptado de Contando Causos, de Rolando Boldrin, (Nova Alexandria, 2001).

Nenhum comentário: