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Música de Abertura: "Maranhão, Meu Tesouro, Meu Torrão", de Mano Borges

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Mazé

AO SOM DOS BANDOLINS DE JUCÁS
"Como se o som de uma caixinha de música escapasse pelas frestas e se amplificasse pelo mundo. Uma pitada de delicadeza em um tempo marcado pela agressividade, mas longe de parecer anacrônico, atual como um sentimento doce/amargo que nos envolve e nos faz evocar um universo idealizado pelos sons.
É o que nos propõe o bandolim de Maria José Leite Araújo, em sua comovente estréia em disco, aos setenta e cinco anos.
Um trabalho marcado pela memória, que recupera uma tradição que passou despercebida a muitos. Uma tradição que tem sua origem em uma banda de música, que passa pelas retretas e que revela um celeiro de compositores, longe da capital, à margem da chamada indústria cultural, na longínqua Jucás.
Só esse trabalho de revelar guardados, valeria a pena, por ajudar a desvendar uma parte do que precisa ser melhor compreendido nesse quebra-cabeças que é nosso desafio armar.
Maria José Leite Araújo nos conduz a uma dimensão sonora de um tempo que se cristalizou na lembrança, sua música é documento e rememoração. Bandolim, em que foi iniciada pela mãe, herança ao som dos dobrados, e pelo pai fundador da filarmônica.
A sensibilidade com que faz vibrar as cordas do instrumento nos chama a atenção para os ecos de uma chamada idade de ouro da música brasileira, com um toque de seresta e um ar de era do rádio.
É como se um dial fantástico nos conduzisse à dimensão do sonho e instaurasse o palimpsesto de uma partitura que escapou do fogo e de acender o cachimbo da mulher de São Roque.
Uma Jucás mítica, antiga São Mateus dos Inhamuns, perdida nos ermos do sertão do Ceará, uma terra dos bandolins que, dedilhados em meio a arranjos que recorrem aos avanços das tecnologias, evidenciam a limpidez de uma interpretação em que a técnica é suplantada pela emoção.
Uma idéia oportuna e louvável de abrir esse baú, e colocar em cena Mazé, abrindo a todos nós a possibilidade de ouví-la infinitas vezes, como em um sarau só nosso, e de aplaudí-la (Bravo!) com o entusiasmo que ela merece."
(Gilmar de Carvalho) - Encarte

Abrace:
- Terra dos Bandolins (1999)

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