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Música de Abertura: "Maranhão, Meu Tesouro, Meu Torrão", de Mano Borges

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Bumba-meu-boi de Morros

SOTAQUE DE ORQUESTRA
Da mesma região do Boi de Axixá, às margens do Munim, concorre com aquele na preferência do sotaque. Suas toadas, com melodia plangente, encantam pela beleza das letras, nas composições de José Carlos Muniz Lobato.

FAIXAS: 01-Festa a São João (Lobato e part. de Sabiá, Humberto, Chagas, Chiador, Zé Alberto, Gabriel Melônio, Mano Borges, César Teixeira, Rogéryo do Maranhão, Gerude e Augusto Bastos); 02 - Homenagem a João do Vale (Lobato e part. de Rogéryo do Maranhão e Ivone); 03 - Urrou Meu Boi (Lobato); 04 - Fonte de Inspiração (José Maria); 05 - Dança da Zabumba (Lobato); 06 - Ave Maria (José Augusto); 07 - Conselhos (Lobato); 08 - Batismo de São João (Lobato); 09 - Garota (José Maria); 10 - Oração a São João (Lobato); 11 - Moreninha Linda (José Augusto); 12 - Querida (Lobato); 13 - Dança do Boi (José Augusto); 14 - São Luís (José Maria); 15 - Adeus (Lobato).
Abrace:
- 2006 - Homenageia São João

sábado, 25 de agosto de 2007

MENTIROSO CONTRARIADO
O Furquim era bicharêdo bom pra contar mentira. Certa feita, contou essa:
Furquim – Eu tava no meio do mato, quando de repente me apareceu uma onça duns 10 metros de cumprimento. Naquela hora, vendo aquela bitelona de onça, eu carpi nos pé. Eu corria e a onça corria atrais. Até que eu cheguei na bêra do Rio Sapucaí. O jeito era caí n’água e saí nas braçada. A sorte é que eu nado muito bem. E num instante travessei o rio. Graças a Deus.
Estudante (contrariando) – Espera um pouco, sêo Furquim. Se o senhor nada bem, a onça também sabe nadar e até melhor que o senhor. Seria natural que ela nadasse também, atrás.
Furquim – Foi isso mêmo que se deu. Eu caí n’água e a mardita caiu em riba, sempre nos meu carcanhá. Eu saí do outro lado do rio e ela também. E toca eu correr, até que me deparei com uma grande pedra, muito arta e lisa. Ah, dei um galeio no corpo e pumba: pulei pra riba da pedra. Graças a Deus.
Estudante (pegando no pé) – Mas espera aí. Se o senhor pula bem, a onça pula melhor.
Furquim – Pois foi. Eu pulei e a desgramada pulou também. Eu saí de lá e continuei na carreira. Ah, mas a minha sorte se deu foi agora. Uma grande moita de espinhêro, daquelas bem fechada. Meti os peito, travessei a moita e ó... Graças a Deus.
Estudante (de novo contraria) – Mas se o senhor que é humano, tem a pele macia, atravessou o espinheiro, imagina uma grande onça que tem couro duro. Ela tem que atravessar e continuar correndo atrás do senhor.
Furquim (perdendo a paciência) – Óia aqui, moço. O sinhô qué sabê de uma coisa? A onça me comeu... Tô na barriga dela... E o sinhô vá pros quinto dos inferno, tá bão?
Causos do Boldrin

Lembranças do Vietnã, 1971

Quadros saídos da imaginação de Dante...
Situações que causariam pavor a Maquiavel...
Aqui, à beira do caminho torto e lamacento, um pé. Sem perna, sem corpo, sem nada. Apenas... um pé.
Adiante, nas covas das trincheiras, gritos, morte, carne, lamentações, zumbir de balas -- é impressionante uma bala zumbindo -- e... outro pé.
Por mais paradoxal que seja, o tétrico adquire beleza. Cores: o vermelho do sangue, o rubro do fogo, o amarelo da pele, o branco do nada. Tonalidades: o verde das vestes, o verde das matas, o verde da bílis.
Agora, ação. Quadro vivo, surrealista, pulsante, sonoro. Depois, imobilidade. Cena parada, natureza-morta, inerte, muda.
São milhares, miúdos, minguados. Amarelos, guerrilheiros natos. Os Vietcongs. Alguns nem conhecem a paz: nasceram e vingaram na luta.
Não temem a Deus. Não temem a morte. Rastejantes, sorrateiros, prestes a morrer. E morrem, e morrem e morrem.
Seu sangue é tributo. A morte é glória. Rastejantes, sorrateiros, prestes a matar. E matam, e matam e matam.
O corpo mutilado. Perfurações, talhos. Já não há mais dor ou desespero. Há os que choram pelo tempo, pela terra, pela tribo. Lágrimas que regam o chão. Lágrimas e sangue. Geralmente quentes, tépidos. No momento frios, gélidos.
O corpo é levado. A bandeira rota por cima. Bandeira ultrajada, espezinhada, cuspida. Bandeira da morte. Pedaço de pano colorido. Ideal de uns, mortalha de outros.
Levanta-se a bandeira: o corpo em chagas, cortes, mutilações. Anatomia incompleta: sem os pés.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Banda Ilha

TCHÊQUERÊ

Músicas do Trio Elétrico de São Luís. Animação carnavalesca.
Abrace:
- TchêQuerê (1996)

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Jonathan Gaivota

A versão radiofônica brasileira de “Fernão Capelo Gaivota” (originalmente Jonathan Livingston Seagull, de Richard Bach) foi produzida pela Transbrasil Linhas Aéreas, com narração de Ramos Calhelha, um dos maiores locutores do rádio nacional, e foi ao ar em meados da década de 70. A narrativa é enriquecida com efeitos de arrebentações e pios de gaivotas gravados em Fernando de Noronha. Há, ainda, as participações especiais de Hebe Camargo (no Pai Nosso) e de Wilson Miranda.
Um registro imperdível, que não pode faltar no seu acervo.

“Moacir Ramos Calhelha, mais do que locutor ou radialista de voz impecável e característica, tradutor e escritor foi um grande pensador da humanidade, um destes tipos ideais, um imperativo categórico kantiano.” [Guilherme Canela de Souza Godoi (*)]

(*) Mestrando em Ciência Política pela Universidade de São Paulo, pesquisador do Núcleo de Estudos Sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília.

Abrace:

domingo, 19 de agosto de 2007

Mal Secreto


Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz recôndito inimigo
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja aventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

Raimundo Correia
(Sinfonias, 1883.)
Raimundo da Mota de Azevedo Correia, fundador da Cadeira 5, da Academia Brasileira de Letras, magistrado, professor, diplomata e poeta, nasceu em 13 de maio de 1859, a bordo do navio brasileiro São Luís, ancorado na baía de Mogúncia, Maranhão, e faleceu em Paris, França, em 13 de setembro de 1911.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Brasil Tricampeão do Mundo

Amigos, hoje trago uma preciosidade, principalmente para aqueles amantes do "valoroso esporte bretão": a narrativa de lances e gols da Copa do Mundo de 1970, no México, entremeada de músicas e sons da galera . Foi extraído de um LP da época. Consegui tirar vários cliques e cracs mas o bom e velho chiado teimou em permanecer. É um bom registro para guardar.Abrace:
- Brasil Tricampeão do Mundo

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O Sotaque Maranhense na Arte de Cozinhar

WELLINGTON REIS & JOSÉ IGNÁCIO
"O impulso imaginado e óbvio – imaginado inteligente – é tratar esse disco como se fosse um banquete, fazendo analogias entre o bem temperado, o bem consumido e o bem digerido.
Come-se como se...
E isto seria o “estalo” do pretenso gênio. Eu, no entanto, longe de ser gênio, prefiro tratar este disco como ele, de fato, é: um instante honesto e lúcido de poesia. E só quem trabalha arte sabe da imensa dificuldade que existe em, fazendo-a simples, mantê-la magnífica.
Dizem os mais exigentes “gourmets” que, na verdade, o bom tempero está nas pontas dos dedos de quem cozinha. Não basta, portanto, misturar sal, limão e cebola para adquirir-se determinado sabor. Se assim fosse, todo aquele que soubesse algumas palavras faria um verso digno do nome. A diferença, por conseguinte, está em quem arrumou as palavras ou misturou os temperos.
Este disco, por sua vez, é uma mistura perfeita. Tem gosto de manhã de domingo e cheiro de toalhas brancas. Sugere cervejas. Reúne amigos, aproxima pessoas, não é preciso ouvir as gargalhadas para sabê-las existentes.
É manhã neste disco. Manhã de São Luís: clara, ardente, sugestiva, linda.
Houve tiquiras antes.
Existem risos depois.
Há sol durante."
(Américo Azevedo Neto)

MÚSICOS PARTICIPANTES: Antônio Carrasqueira: flautas / Ubiratan Sousa: violão 6 e 7 cordas, cavaco, banjo (Arroz de Mariscos...); agogô e surdo (Divino Doce...); tamborim (Cuxá Orquestrado) e "papel na mão" (Arroz de Mariscos...) / Paulinho: pistom / Waldir: trombone / Sumé: sax / Pitoco: clarinete / Mauro Bucli: cello / Ari: baixo / Gordo Elinaldo: banjo (Cuxá Orquestrado) / Marco Barros: violão (Peixe ao Escabeche...) / Tomaz: rabecas e violinos / Miltinho: bandolim / José Pretinho e Wellington "Chororó": percussão e efeitos / José Ignácio e Wellington Reis: ambientação de feira (vozes solo) / Inácio Pinheiro, Roberto Brandão, Fátima Passarinho, Luciana Pinheiro e Wellington Reis: coro.

Abrace:
- Sotaque Maranhense na Arte de Cozinhar (2002)

terça-feira, 14 de agosto de 2007

São Luís era assim...

J. R. Martins
Meu amigo-irmão, o Riba (José Ribamar Martins), após o consagrado "Pequeno Dicionário de Termos e Expressões Populares Maranhenses", traz à luz, para nosso deleite, o excelente "São Luís era assim..." que reúne em suas páginas as reminiscências da São Luís de outrora, opulenta em seus sobrados, discreta em suas meias-moradas, charmosa em seus bangalôs.
Remete-nos, saudosamente às suas estreitas ruas e ladeiras, relembrando nomes e fatos, trazendo-nos recordações nostálgicas e gostosas, boas de relembrar.
Lê-lo é voltar ao passado e caminhar nele pelos becos, fontes e largos da urbe seiscentista. É passear ao lado de seus personagens folclóricos, pregoeiros afinados e figuras lendárias.
É beber tiquira com jabiraca, tomar juçara com camarão seco e farinha-d’água, comer arroz com cuchá, tomar sorvete de coco.
É bater pernas na Rua Grande, namorar no Largo dos Amores, passear de bonde na Beira-Mar, fuxicar no Largo do Carmo.
É banhar-se no Olho D’Água, beber cerveja no Moto Bar e terminar a noite na Crás.
É voltar à nossa velha São Luís, que hoje rui, junto com seus casarões, não só pela ação inexorável do tempo mas, principalmente, pelo descaso criminoso daqueles que por obrigação deveriam por ela zelar.
Este é um bom livro para se ler.

Para adquirir pela Internet:

Em São Luís: Casa do Maranhão, Centro de Cultura Popular, Livraria Athenas e Livraria do Advogado.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Cacai Nunes

O Cacai, do "Acervo Origens", lança seu primeiro CD, "O Avesso". Quem mora em São Paulo não pode perder.

Marias...

Uma coletânea curiosa, reunida em dois CDs. Compiladas de meus discos e em garimpo pela internet, são 40 músicas com o nome de Maria. Obviamente algumas (poucas) músicas não alcançam o nível de um Gil, um Milton, um Taiguara. Valem como registro.
Embora nosso escopo seja privilegiar a música brasileira, não poderíamos deixar de incluir a excelente e antológica interpretação de Johnny Mathis, que vai na faixa bônus do CD 2.

Montagem e Capas:





Abrace:

- Marias... (Vol.: 1)
- Marias... (Vol.: 2)

A Lenda do Rei Sebastião

REGISTROS SONOROS DO MARANHÃO
Roberto Machado & Paulo Baiano

“Os registros sonoros que fazem parte deste CD têm origem na produção de um filme de curta-metragem realizado no Maranhão, nos meses de janeiro e fevereiro de 1979. De lá para cá as fitas de áudio onde os registros estão gravados estiveram armazenados em locais distintos...
Agora, 20 anos depois, juntei-me novamente a Paulo Baiano para trabalharmos os Registros Sonoros do Maranhão.”
Roberto Machado

“Era um convite irrecusável que o amigo Roberto Machado me fazia: viajar de Kombi até o distante Maranhão e mergulhar de cabeça nas lendas, cantos e mistérios daquele Povo.
- Parece uma cidade européia na Ásia. Assim o fotógrafo Flávio Ferreira definiu São Luís...
Por fim viajamos até a mítica Ilha dos Lençóis, um dos lugares mais espetacularmente belos e misteriosos em que já pus os pés.”
Paulo Baiano

Dizem que o Rei Sebastião desapareceu nas areias do Marrocos, na Batalha de Alcácer-Quibir, e transformou-se num touro negro. Esse touro aparece na noite de 24 de junho nas praias da misteriosa Ilha dos Lençóis, na costa maranhense, a dois dias de barco de São Luís. Se alguém, um dia, desafiar o touro e ferir com uma espada a estrela de prata que ele leva na testa, a cidade de São Luís submergirá e aparecerá o Reino Encantado do Rei Sebastião, o Reino de Queluz. (encarte)
Abrace:
- A Lenda do Rei Sebastião

Carrapa do Cavaquinho

Meu amigo, carioca-candango, Luiz Carlos Orione de Alencar Arraes, o Carrapa, incansável batalhador, músico de talento inato, vendeu, de mão em mão, mais de 2500 exemplares deste CD, com músicas de sua autoria. Lembro de Carrapa peregrinando pelos bares de Brasília com seu inseparável cavaquinho, mochila às costas prenhe de suas composições sem patrocínio, mas de inegável valor musical. Além de outras, Carrapa traz-nos neste CD suas melodiosas homenagens à Brasília.
Abrace:
- Carrapa do Cavaquinho

sábado, 11 de agosto de 2007

Os dias de agosto

1o. - Dia do Cerealista e Dia Mundial da Amamentação
02 - Dia Internacional do Folclore
03 - Dia do Tintureiro e Dia do Capoeirista
04 - Dia do Padre
05 - Dia da Farmácia e Dia Nacional da Saúde
08 - Dia do Pároco
09 - Dia Internacional dos Povos Indígenas
11 - Dia do Advogado, Dia do Direito, dia do Garçom e Dia do Estudante do Magistrado (dia do "pendura")
12 - Este ano: Dia dos Pais
13 - Dia do Economista e Dia do Pensamento
14 - Dia da Unidade Humana do Controle da Poluição
15 - Dia do Solteiro, Dia da Informática e Dia da Santa Casa de Misericórdia
17 - Dia do Patrimônio Histórico
18 - Dia do Estagiário
19 - Dia do Ator e Dia Internacional da Fotografia
20 - Dia do Maçom
21 - Dia da Habitação
22 - Dia Nacional do Folclore e Dia do Excepcional
23 - Dia dos Artistas e Dia da Injustiça
24 - Dia da Infância
25 - Dia do Soldado e Dia do Feirante
26 - Dia da Igualdade da Mulher
27 - Dia do Psicólogo, Dia do Corretor de Imóveis e Dia do Peão de Boiadeiro
28 - Dia do Bancário, Dia do Avicultor e Dia do Voluntário
29 - Dia Nacional do Combate ao Fumo e Desnutrição
31 - Dia do Nutricionista e Dia do OutDoor

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

O Último "Repórter Esso"

A "Testemunha Ocular da História" iniciou no ar às 12:55 h do dia 28 de agosto de 1941. Patrocinado pela "Esso Brasileira de Petróleo", de capital americano, começou divulgando principalmente notícias ligadas ao costumes da vida americana da época, conhecida como "american way of life". Os informes traziam ainda aos ouvintes a evolução das guerras travadas pelos EUA em todas as partes do planeta. Depois globalizou-se e as informações condensadas eram apresentadas da seguinte forma: 40% de notícias locais, 40% de regionais e 20% de internacionais, alterando somente em caso de acontecimentos relevantes.
O "Repórter Esso", com um novo estilo, redação própria, seleção das notícias, imparcialidade, sem apresentar polêmicas ou tendências, apresentando pontualidade e programação constante, conquistou a audiência e ganhou credibilidade na opinião pública.
Em 03 de novembro de 1944 foi ao ar com seu mais famoso locutor, Heron Domingues, titular até 1962, quando foi substituído por Roberto Figueiredo que narrou, de forma emocionadíssima, a última edição, em 31 de dezembro de 1968.

Abrace:

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Jeguefolia

O BLOCO JEGUEFOLIA: Surgiu no ano de 1996 com o propósito de revitalizar o carnaval de rua de São Luís, contribuindo para o renascimento daquele que já foi considerado, nas décadas de 1950 e 1960, o terceiro melhor carnaval de rua do Brasil, ficando, naquela época, atrás apenas do Rio de Janeiro e Recife.
Em meados da década de 1980 o carnaval de São Luís, tanto o de rua quanto o de clubes, estava em plena decadência e vinha sofrendo influência fortíssima dos ritmos da música baiana, mais precisamente do axé-music, fazendo com que os jovens da Capital esquecessem o mais tradicional ritmo do Carnaval Brasileiro, as marchinhas.
O Bloco Jeguefolia adotou um estilo alegre e irreverente e seus foliões são embalados pelas marchinhas, tocadas com instrumentos de sopro e percussão, cujas letras possuem em sua maioria duplo sentido, sem apelar para o obsceno.
O sucesso foi tão grande que a partir do ano seguinte ao de sua criação, novas brincadeiras surgiram, e passaram a atrair todo tipo de folião, principalmente aqueles que antes estavam curtindo somente o axé-music dos trios elétricos. Isto gerou um grande fenômeno no carnaval de São Luís, fazendo com que as ruas do centro (Rua do Passeio, Praça da Saudade, São Pantaleão, Praça Deodoro etc) fiquem lotadas de foliões que, em cortejo, seguem atrás desses blocos em busca da mais pura e autêntica diversão que somente o carnaval de rua pode proporcionar. (Jeguefolia)

Abrace:

- Jeguefolia (2001)

VIOLEIRO EXAGERADO

Quando eu apresentava o espetáculo Brasil em Preto e Branco, contava um causo do inesquecível violeiro Adauto Santos, meu companheiro de cena. Era assim:
Outro dia, esse violeiro aqui foi passando de madrugada numa estrada e bateu na porta duma casinha de bêra de estrada pra móde cavá um quarto pra drumí. Bateu na porta, apareceu uma muié, por sinal muito bonita, e ele pediu pouso.
Muié – Num posso, moço. Num posso deixá o sinhô drumí na minha casa. Sou viúva fresca. Meu marido morreu faz só três mêis. Se eu dexá homi drumí em casa, o pessoar da cidade vai falar mar de mim.
Adauto – Mas, dona, eu num vou mexê com a sinhora, não. O que eu sou é violeiro. Gosto muito de tocá viola. Só quero mêmo é drumí...
Devo dizer aqui que a tal muié devia tá cum bastante vontade duns carinho... Três meses de viuvez, já pensou?
Muié – Não, sinhô! Aqui homi nenhum drome...
E tar e coisa, e coisa e tar, e vai e vem, e vem e vai... Sei que o Adauto insistiu tanto, dizendo que o que ele era mêmo era violeiro dos bão, que a muié acabou cedendo.O Adauto drumiu como um justo a noite inteira. Só acordou de manhãzinha, na hora do café.Quando chegou na porta da cozinha, ainda meio sonolento, percebeu, num galinheiro do quintal, uma coisa estranha.
Adauto – Dona, a sinhora num sabe criá galinha! Seu quintal tem 10 galos e só uma galinha. O certo é o contrário: 10 galinha e um galo.
Muié – Mas o sinhô tá vendo 10 galo aí?
Adauto – Tô!
Muié – Pois fique sabendo que galo mêmo só tem um! Os ôtro são tudo violêro!
Adaptado de Contando Causos, de Rolando Boldrin, (Nova Alexandria, 2001).

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Tambor-de-crioula: um patrimônio


Meu amigo Tomzé aplicou-me um bem merecido "puxão de orelha" por não ter registrado aqui, em nosso diário, o reconhecimento, por parte do Estado Brasileiro, do Tambor-de-crioula como Patrimônio Cultural Brasileiro. Aqui vai.
O ritmo, e sua brincadeira de "punga", só é praticado no Maranhão, em toda a sua extensão territorial. Dada a proximidade, algumas cidades do Piauí, as fronteiriças, ensaiam umbigadas e toques mas sem a punjança apresentada em terras gonçalvinas.
Porém ao se agigantar como Patrimônio Brasileiro, não nos surpreenderemos ao ver em breve o ritmo frenético dos tambores ampliar seu espaço e soar junto com o vaneirão gaúcho, com o samba carioca, com a catira mineira e demais gingados nacionais, como bem deseja o nosso Ministro da Cultura, Gilberto Gil, em seu discurso de reconhecimento em 18.06.2007 na capital ludovicence: "Que o registro do Tambor de Crioula possa ecoar a batida de nossa cultura, da alma brasileira por todo esse vasto território que chamamos Brasil e suas fronteiras, que transcendem não apenas países e continentes, mas as fronteiras do nosso prazer, da nossa alegria e da nossa autenticidade."

Parabéns, Maranhão!

Carlos Alberto de Sá Barros

Carlos Alberto, o Cabé, maranhense de Penalva, escritor, compositor e cantor, interpreta neste disco as canções de sua autoria (letra e música). São poesias musicadas.
É dele a apresentação a seguir:
"Muitos compositores de renome, ainda que não bons cantores, fizeram (e continuam a fazer) o registro de suas músicas em discos e a elas dando uma interpretação própria através de suas vozes. Eu, que sempre estive ligado às artes e às letras através dos trabalhos que publiquei, sirvo-me, agora, sem a pretensão de ombrear-me a nenhum compositor de fama, de outro recurso - o CD - para divulgar parte dos 'caminhos' de minha vida. Tudo foi feito com seriedade, amor e muita emoção. É a homenagem que eu presto aos amigos que me encorajaram e à terra que me serviu de berço e inspiração. Sou grato ao Murilo Rêgo, diretor musical e arranjador, que deu vida às minhas canções com o seu talento e zelo."
Carlos Alberto de Sá Barros (Cabé)
Abrace:
- Caminhos (1998)

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Nor...destino


Eu sou das bandas do Norte,
d´onde o homem, prá ser forte,
só precisa ter nascido.
Eu sou da fibra da embira,
sou bebedor de tiquira,
sou de couro bem curtido.

Sou o fio da peixeira,
sou banda de cartucheira,
pano e corte do facão.
Sou o brilho das areias,
sou o facho das candeias,
sou o luar do sertão.

Sou a flor do mandacaru,
sou torrão de mulundu,
sou a carcaça da morte.
Eu sou a onça, de esturro.
Cabra rijo, bom de murro,
cabra macho, mau de corte.

Sou casa de pau-a-pique,
bangüê, engenho, alambique
(ruim de cobre, bom de barro).
Sou o bagaço da cana,
sou a carroça cigana,
parelha de boi de carro.

Sou a Diana Pastora,
Cat´rina desejadora
e Mateus em Boi-bumbá.
Sou a Festa do Divino,
nascer de Jesus Menino,
Ciranda de Itamaracá.

Sou bumba boi de matraca;
xaxado, quadrilha e taca,
embolada, aboio e xote.
Sou cambito e tacuruba,
mocho de maçaranduba,
cabaça, moringa e pote.

Sou tangerino e vaqueiro,
rastejador e mateiro,
bom de laço e de ferrão.
Sou o diabo encourado:
trago no corpo fechado,
perneira, faixa e gibão.

Eu sou a enxada na terra.
Sou a espingarda na guerra.
Velas no Norte Atlântico.
Sou cantador de repente.
Sou violeiro valente
e seresteiro romântico.

Sou mesa farta: vatapá,
buchada, arroz-de-cuchá,
carne-de-sol e pirão.
Acarajé no dendê,
canjiquinha e manuê,
paçoquinha de pilão.

Sou andarilho sedento.
Faminto, caminhar lento,
tentando enganar a morte.
Sou êxodo, retirada.
Sou fuga, sou caminhada.
Sou a procura da sorte.

Eu sou a seca inclemente.
Sou deserto e sol ardente,
caloraço que aperreia.
Sou o trovão retumbante,
chuva e rio transbordante.
Sou o flagelo da cheia.

Sou as lutas intestinas:
Canudos, Balaios. Sinas
de Sabinos e Mascates.
Sou versos de Castro e Dias,
incelências, romarias,
desafio entre dois vates.

Dos grandes feitos, herdeiro:
De Cícero e Conselheiro,
de João Grilo e Cancão.
De Lampião e Maria,
de Corisco e Ventania,
de Aderaldo e Frei Damião.

Eu sou da brava caatinga
e das terras da mandinga.
Sou bem-feito e desatino.
Eu sou das bandas do Norte,
d´onde o homem, prá ser forte,
precisa ser... Nordestino!

Esbandalhada 2000

"Quando abro a primeira faixa desse disco dizendo 'Viva São Luís e o Carnaval do Maranhão' é porque eu sinto que estou começando a viver de fato a nossa antiga emoção de brincar o Carnaval à moda maranhense. É claro que nesse pequeno trabalho não coube toda a riqueza de um carnaval que aprendi a gostar desde menina, quando eu ainda corria atrás dos Fofões imensos e estampados com suas pequenas máscaras que eu temia e me atraiam ao mesmo tempo. Nunca esqueci o som da bateria acústica, mesmo da Turma do Quinto, da Casinha da Roça com seu tambor-de-crioula, dos Boêmios do Ritmo, PIF-PAF, tribos inteiras de Sioux e Comanches passando pela Rua do Norte, corsos cheios de Holandesas subindo (na época) a Rua do Passeio, e a Praça Deodoro fervendo de alegria, enfim. Hoje podemos contar com um grande palco para o desfile das nossas escolas de samba, como o Anel Viário por onde desfilam a beleza da Turma da Mangueira, Flor do Samba, Favela do Samba, Turma do Quinto, resistindo veementemente assim como os blocos tradicionais Foliões, Versáteis, Tremendões e tantos outros. Outras manifestações carnavalescas surgiram para contribuir com a descontração e beleza de nossa festa. Aí estão os grupos Abibimã, o Terecô do Bicho, Esbandalhada, Jegue Folia, Máquina de Descascar Alho, Bloco do Agenor e tantos outros que este ano, graças à sensibilidade do Governo do Estado do Maranhão e à Prefeitura de São Luís, unem-se a este carnaval, num circuito que é um presente ao povo desta terra que, felizmente, não precisará sobreviver ao carnaval e sim vivê-lo como sempre soube fazê-lo."

Alcione

FAIXAS: 01-Eu Te Conheço Carnaval (Erivaldo Gomes & Gerude) - Alcione / 02-Eu Sou o Bicho (Luís Bulcão) - Alcione / 03-Piroga da Olga (Oberdan Oliveira) - Solange Nazareth / 04-A Dança do Jeguerê (Raimundo C. Campos) - Jurynha / 05-Xéres Esbandalhado (Cristina & Penco) - Jurynha.

Abrace:

- Esbandalhada 2000

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Rodrigo Caracas

O Maranhão é o maior celeiro do mundo em ritmos nativos. Ritmos primitivos. Originais. Ritmos de Raízes. Pesquisadores da música maranhense falam em 45 ritmos diferentes. E essa riqueza já está se espalhando pelo mundo. Ganhando fusões e gerando novas batidas.
A peculiaridade desses compassos é que eles têm a facilidade de se misturar com outros ritmos, dando-lhes beleza e singularidade. O timbre dos tambores do Maranhão é único. Pandeirões, Tambores-onça, Matracas, Maracás e diversos Chocalhos são instrumentos que o mundo globalizado ainda desconhece. E é nessa riqueza musical que crescem os artistas do Maranhão. Ouvindo desde o berço o pulsar dos Bois, Tambores de Crioula, Tambores de Mina, Blocos Tradicionais, Tribos de Índios, Escolas de Samba, Cacuriá, Caixeiras e tantos outros sotaques.
No instrumental "Sucessos da Música Maranhense" vários ritmos compõem os arranjos, embelezando a harmonia e a melodia das composições já consagradas pelo grande público. (Encarte)

Abrace:

Jarlene Maria

Jarlene, nossa amiga, poetisa e cantora não encanta só por isso. Não fossem sua simpatia e alegria contagiantes, seria seu jeito despojado e irreverente, seria sua animação natural, seria seu cerne talhado pela cultura nordestina, de sua origem potiguar.
Jarlene cantou e encantou. Infelizmente (para nós, seus fãs e ouvintes) enveredou por outros caminhos profissionais que não o da música, deixando-nos apenas poucas jóias, das quais estamos repartindo aqui as duas mais belas.

Jarleneologia

"Uma das coisas que mais me sensibilizaram são duas: a consciência e a sensibilidade de Jarlene Maria. Acompanhei-a por diversos momento, tanto na cidade dos urbanóides como aqui em Taperoazim. Eu me lembro que nos conhecemos no Teatro João Caetano depois de eu ter realizado uma contenda musical. Depois, por força do mato, nos encontramos em Campo Grande, aí passamos com a Deusa Cinthia três sóis e tres luas crescentes aqui em Taperoazim, junto com as galinhas soltas no terreiro e os beija-flores invadindo as janelas e o canto do jacu. Um bacurau de noite cantou pra o sabiá, que cantou pra o bem-te-vi já no amanhecer que cantou pra o pintassilgo, digo, galo-de-campina, porque o concriz quis porque quis que todos os passarinhos mortos de saudade do canto dessa "Pássara" Jarleneológica ficassem felizes.
Pra te jogar uma praga: que a "Pássara" viva de felicidades pelo menos uns dois séculos. Você tem esse direito de feliz viver com as canções em plena plantação, em beijos gerais.
Taperoazim, Roça Quadrante, Solar Sul, Brasil, América Latina, Ocidente, Planeta Terra, Via Láctea, Amém."

Vital Farias

FAIXAS: 01-Incelença Nordestina (Emília de Souza & Jarlene Maria) / 02-João-de-barro (José Lucas de Barros & Jarlene Maria) / 03-Eu Vi Deus (Rosemilton Silva & Jarlene Maria) / 04-Jujubassu (Jarlene Maria) / 05-Sem Chuva no Meu Sertão Acabou-se a Alegria (José Lucas de Barros & Jarlene Maria) / 06-Frevo Guigui (Jarlene Maria) / 07-Planta de Mel (Jarlene Maria) / 08-Flor de Croatá (João Silva & Raimundo Evangelista) / 09-Mulata (Renato Caldas & Jarlene Maria) / 10-Acalanto Para Zé Menininho (Jarlene Maria) / 11-Fulô do Mato (Renato Caldas & Mirabô e Jarlene Maria) / 12-Vida de Caboclo (José Luís & J. Resende).

FAIXAS: 01-Reboliço (Renato Caldas & Jarlene Maria) / 02-Gemer de Dois é Assim (Jarlene Maria) / 03-E Se Eu Cair, Pei-puf (Edmar & Jarlene Maria) / 04-Duas Polegada e Meia (Jarlene Maria) / 05-Desafio (Geraldo Luiz Azevedo) / 06-Viola X Piano (Stoessel Augusto, Jarlene Maria & Kleber) / 07-Cantochâo (Jarlene Maria & Wanderley) / 08-Zoada de Amor (Kleber Matos) / 09-Nosso Amor Nasceu Cantando (Zé Lucas & Jarlene Maria) / 10-Só Lembrando (José Marcelo & Jarlene Maria)
Abrace:

Lençóis Maranhenses, a Maravilha Campeã

Ganhamos!

"A mais bela maravilha natural do Brasil, segundo os internautas que participaram da enquete no site de ÉPOCA, são os Lençóis Maranhenses: um grande deserto no litoral do Maranhão formado por dunas de até 40 metros de altura, separadas por lagos de água azul-turqueza. Entre o dia 28 de julho e a quinta-feira passada, 4.040 pessoas votaram. O objetivo era sondar qual deveria ser o representante brasileiro na disputa pelo título das Sete Maravilhas Naturais do Mundo, concurso que está sendo promovido pelo mesmo grupo suíço que organizou a eleição das Sete Novas Maravilhas do Mundo." Revista Época 481, de 06.08.2007

Resultado da Votação: 1o. Lençóis Maranhenses (30%), 2o. Fernando de Noronha (19%), 3o. Floresta Amazônica (17%), Cataratas do Iguaçu (14%), Gruta do Lago Azul (9%), Pantanal (6%), Chapada Diamantina (5%).

Tivemos uma parcela de colaboração nesse feito, pois em 31.07.07 postamos nosso empenho para a votação.
Valeu!

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Ivanildo Vilanova & Geraldo Amâncio

VIOLAS DE OURO (1976)

Essa dupla de violeiros repentistas paraibanos foi, sem dúvida, a melhor que conheci. Suas poesias são de uma sensibilidade sem par (atentem para a jóia poética que é "O Sertão em Carne e Alma") e a verve telúrica extasia pela cultura das coisas nordestinas. Este foi o seu primeiro disco. As oito músicas são cantadas em gêneros diferentes, sete conhecidos (sextilha, mote, beira-mar, quadrão, martelo, mourão e gabinete) e, inovando, uma criação da dupla: o "pai Tomás".
Peça rara.

FAIXAS: 1.Deus, o Homem e a Natureza (sextilhas); 2.O Mensageiro da Fé (mote); 3.Turismo Pelo Brasil (galope beira-mar); 4.A Vida de Cada Um (quadrão mineiro); 5.O Sertão em Carne e Alma (martelo agalopado); 6.Deu Tudo ao Contrário (mourão voltado); 7.Revoltas Brasileiras (pai Tomás); 8.Giro Pelo Mundo (gabinete).
Abrace:

- Violas de Ouro (1976)

Tambor-de-Crioula

PINDAREZINHO DE FÁTIMA (1976)

“Dança de origem negro-africana que se caracteriza pela umbigada, que no Maranhão tem o nome de punga. Sem qualquer implicação no plano da religiosidade do negro maranhense o Tambor-de-Crioula é dançado de forma individual, embora os participantes façam uma roda. Começada a função, com o bater cadenciado dos tambores, destaca-se da roda uma dançarina que sapateia e saracoteia o corpo em requebros lúbricos procurando em seguida a companheira mais próxima para aplicar-lhe a punga ou umbigada, um gesto lascivo de prolação do abdome, dado com o fito de derrubar a parceira. A crioula que levou a punga entra por seu turno na dança e ao cabo de algum tempo repete o gesto da umbigada noutra companheira, assim ocorrendo com todas que integram a função. A dança é acompanhada de toadas, não raro improvisadas na hora, sem muito nexo, consistindo quase sempre num estribilho que os brincantes, homens e mulheres, remoem unissonamente. O Tambor-de-Crioula, dançado em quase todo o Maranhão, do litoral ao sertão, é uma persistente herança do cativeiro negro em nossas plagas. O que nos prende nesse folguedo popular é a força emoliente do ritmo marcado por um conjunto de três tambores, os quais são feitos de troncos de árvores escavados a fogo e recobertos numa das extremidades com pele de cabra. O tambor grande se denomina socador, o médio crivador e o pequeno pererenga ou quireré. São percutidos com as mãos diretamente sobre o couro de revestimento e sua afinação é feita ao calor de uma fogueira de gravetos. Escanchados nos tambores, com as palmas das mãos os tocadores obtêm combinações rítmicas admiráveis. Daí dizer-se no Maranhão que o Tambor-de-Crioula é afinado a fogo, tocado a murro e dançado a coice...”
Domingos Vieira Filho
Abrace:
- Tambor-de-Crioula

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Traduzir-se


Uma parte de mim
é todo mundo;
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão;
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera;
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta;
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente;
outra parte
se sabe de repente.


Uma parte de mim
é só vertigem;
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte,
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?

Ferreira Gullar
“Na Vertigem do Dia” (1980)

Orquestra Romântica Tropical

Rolam os anos sessenta, rolam as tertúlias, rola o cuba-libre. Faz-nos recordar da garota com laço na cabeça, vestido rodado, sapatinho baixo... A orquestra, cheia de metais, manda um “Besame Mucho” e você se levanta e se encaminha para ela, receoso de levar um contra (um ferro, uma tábua). Ela, desdenhando, vira o rosto. Melhor esperar o “Perfume de Gardenia” ou o “La Barca”.
Grandes boleros, os melhores...
Aqui estão eles!

FAIXAS: 1.Angelitos Negros; 2.Acercate Más; 3.Mi Ultimo Fracasso; 4.Historia de Un Amor; 5.Siete Notas de Amor; 6.Esperame en el Cielo; 7.El Reloj; 8.Perfume de Gardenia; 9.Hipocrita; 10.Besame Mucho; 11.Tu Precio; 12.Amor; 13.Frenesi; 14.Quiereme Mucho; 15.Perfidia; 16.Tres Palabras; 17.Nuestro Juramento; 18.La Barca; 19.Toda Una Vida; 20.Tu Me Acostumbraste.
Abrace: